sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Música obsessiva-compulsiva

Era uma vez uma compositora [sim, mulher] russa que viveu a 2ª grande guerra do século passado, e morreu no início do século atual. A música dela foi censurada pela União Soviética, apesar de não ter "nada demais". A URSS alegava que o motivo da censura era que ela e sua música apresentavam uma postura de obstinação e teimosia.

Até 2000 ela era praticamente desconhecida no Brasil. Eu estreei a música dela no ES e acompanhei surgir, na internet popular e nas redes sociais, um interesse por sua obra, tão única, tão simples e complexa. Hoje, é possível encontrar materiais sobre ela no meio acadêmico, discutir em eventos, etc. As coisas acontecem rápido. Muitos países não ouviram, ainda, sua música, uma vez que só foi publicada recentemente e poucos músicos se interessam.

A música dela é muito "primitiva", daí o apelido de "dama do martelo", e até 5 anos atrás era impossível de classificar ou comparar. Hoje, é comparada conceitualmente à fase intermediária de Messiaen e a alguns experimentalistas americanos. Foi comparada também a Hindemith, Bartók, Pettersson, Pärt, Stravinsky e outros em momentos muito específicos, dando indícios de possível influência. [fonte]

Não vou torturar você com uma música de difícil audição, apenas gostaria de te mostrar o auge de uma de suas maiores peças:



Após definir um "tema", ela reforça TANTO um aspecto em particular desse tema que exige que, se necessário, o pianista quebre seu punho/antebraço no piano enquanto repete aquele momento ou aspecto do tema (a partitura diz: que seus ossos façam barulho). Isso parece agressividade, mas na verdade é o que eu chamaria de "insistência assertiva". Ou seria um desenvolvimento musical com TOC?

Outro dia preparei um vídeo de partitura+audio da quinta sinfonia dela. Caso desejem assistir, basta acessar:
http://www.youtube.com/watch?v=WZXIh6udAco